Quando a pandemia de Covid-19 obrigou o fechamento dos escritórios, milhões de brasileiros — e pessoas no mundo inteiro — se adaptaram ao home office. Para muitos, foi uma libertação: trabalhar de casa aproximou colegas da família, reduziu o tempo perdido no trânsito e trouxe maior flexibilidade na rotina.
Para cerca de 6,6 milhões de brasileiros em 2024, o domicílio continuou a ser o principal local de trabalho — equivalendo a 7,9% dos ocupados.
Mas nem tudo são flores. A liberdade de horário, para quem trabalha seriamente, se transforma rapidamente em armadilha. Muitos relatam que “não há hora para terminar”: sem a portaria de saída do escritório, o dia se estende — e o descanso, muitas vezes, some.
Além disso, exige-se um grau elevado de autodisciplina. Sem supervisão direta, sem colegas por perto, é você e sua produtividade — e isso pode tornar o home office tóxico para quem tem dificuldade de organizar o próprio tempo.
Há ainda outro desafio pouco visível, mas dolorido: o preconceito. Mesmo quando se trabalha arduamente por mais de 12 horas por dia — criando posts, respondendo mensagens, gerenciando redes sociais, produzindo pautas, músicas ou conteúdos — a pessoa pode ser vista como “desocupada”. Quem não conhece a realidade por trás do notebook tende a achar: “ah, você está em casa, deve estar de bobeira”.
Esse julgamento pode causar frustração, esvaziar a motivação e desvalorizar o esforço real de quem trabalha seriamente. Em resumo: o home office oferece conforto e proximidade com o lar, mas exige mais responsabilidade — e paciência com quem não entende o seu ritmo.
